Rudolf: Mayerling  

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A vida de Rudolf não era um mar de rosas. Mas no final da década de 80, a coisa começou a ficar realmente feia. Sua saúde deteriorava. Em 1886, Rudolf contraiu gonorréia e passou a sofrer de dores nas juntas. As enxaquecas que ele tinha desde criança atormentavam-no cada vez mais. Além disso tudo, sua visão começou a piorar. Para controlar a dor, o príncipe consumia morfina (o que ele mesmo menciona em suas cartas). Antes sempre correto com seus subordinados, Rudolf começou a perder o controle, e surtos de raiva passaram ser a sua marca registrada. Alem disso, devido a problemas de saúde, tornava-se cada vez mais difícil dedicar-se ao seu passatempo favorito – a caça. No inverno de 1888 ocorreu um incidente que somente confirmou este fato: Rudolf quase matou o próprio pai. A caçada estava quase acabando, quando o príncipe viu um veado e atirou, mas calculou mal a distância, e teria acertado o imperador se um criado não tivesse colocado o braço na sua frente, recebendo o tiro. Desde então, Franz Joseph passou a evitar o filho, vai saber o que pode vir na cabeça de um sujeito desses.

 Rudolf em roupas de caça

Este não era o único conflito entre o imperador e seu herdeiro. Franz Joseph mantinha o filho afastado do governo, apesar do fato de que Rudolf se interessava por política e tinha interesse e capacidade para defender os interesses do Estado. Finalmente – afinal, Rudolf já não era mais um menino – o imperador nomeou-o inspetor geral da infantaria. Apesar de ser um cargo respeitado e de responsabilidade, Franz Joseph continuava não levando o filho a sério. Não o convidavam para conselhos e reuniões importantes. Mas o maior problema foi a visita do kaiser Wilhelm no outono de 1888. As relações entre os dois eram, para não dizer mais, bastante frias. Wilhelm não suportava Rudolf por causa do ceticismo deste em relação a igreja e o considerava efeminado e sem princípios, e Rudolf ficava enjoado só de pensar no primo idiota. Aos treze anos, ele até mesmo escreveu um poema sobre quão bom que seria se Deus punisse todos os Hohenzollerns, que já encheram o saco de todo mundo. Ao chegar em Viena, Wilhelm fez o possível para mostrar que Rudolf era um completo idiota, incapaz de comandar um exército. Algo como quando os seus mais queridos parentes baixam na sua casa e ficam andando pra lá e pra cá, botando defeito em tudo, desde o sofá novo até o comportamento do seu hamster. Mas Wilhelm não parou por aí – ao voltar para casa, escreveu para Franz Joseph uma extensa carta, na qual exigia que Rudolf fosse afastado do seu cargo, para manter a aliança entre a Áustria e a Alemanha. Apesar de ter sido educado para obedecer ao imperador, dessa vez o príncipe mandou o pai para um certo lugar e disse que permanecerá no cargo. Durante a briga, Elisabeth estava na Grécia e, como sempre, importava-se um pouco menos do que nada com o que acontecia em casa.

 Rudolf e Wilhelm com as respectivas esposas

O herdeiro cosmopolita e liberal tinha fãs dentro da Áustria também. O arquiduque Albrecht, um dos homens mais poderosos do estado e inspetor geral do exército desde 1869, não suportava Rudolf. Primeiro ministro, Taaffe, também se opunha a suas idéias liberais. Além disso, Rudolf continuava sendo vigiado por ordens do pai. Percebia muitas vezes, e tentava fugir desta vigilância, por exemplo usando códigos secretos.

Tanto a vida política, quanto a familiar de Rudolf estavam em crise. Mais um episodio desagradável contribuiu com lenha para o fogo: no final de outono de 1887, os arquiduques Franz Ferdinand (o da Primeira Guerra Mundial) e Otto, com seus homens, cavalgavam num dos subúrbios de Viena. Depararam com uma procissão fúnebre, e não pensaram em nada melhor que esporear os cavalos e pular por cima do caixão. Rudolf estava com eles – pelo menos assim diziam as más línguas. E um dos membros do parlamento levantou uma discussão sobre o incidente, de uma forma a confirmar a participação do príncipe na história. Ao saber dos boatos, Rudolf não se comportou adequadamente: exigiu que alguns oficiais fossem na casa do infeliz e o açoitassem. O que foi feito. Para não criticar a família imperial.

 Rudolf e Stephanie

Desde o verão de 1888, Rudolf começa a pensar em suicídio, e justamente em suicídio duplo. Com essa idéia na cabeça, deveria ir para o Japão, porque dificilmente encontraria alguém que tope na Áustria. Ele deu a sugestão para alguns amigos, mas eles não se interessaram. Depois, foi a vez de Mizzi, mas ela não só não quis, como correu até Krauss, chefe da polícia, esperando que aquele tomasse alguma providência. Mas Krauss somente mandou ela ficar de bico fechado. Finalmente, em novembro de 1888, Rudolf encontrou o que procurava. Mais exatamente, Mary Vetsera.

As opiniões sobre Mary Vetsera divergem. Alguns a consideram uma jovem romântica que se sacrificou por amor, outros uma biscatinha esperta. De qualquer forma, temos somente fatos. Mary era filha de Albin Vetsera e Helene Baltazzi. A família era rica, mas não nobre, por isso a baronesa Helene fez de tudo para se infiltrar nos círculos da lata nobreza. É curioso que ela havia dado em cima de Rudolf quando ele tinha 21, e ela 32. Mary Vetsera, uma das mais belas mulheres de Viena, com seus cabelos negros, grandes olhos castanhos com matizes de azul e lábios sensuais, se interessava principalmente por cavalos e vestidos. Aos 15 anos, ela visitou o pai em Cairo onde, segundo memórias de Marie Larisch, teve um caso com um senhor inglês.


Mary com a irmã

Ao voltar para Viena, ela se apaixonou por Rudolf. Enfim, umas penduram pôsteres de músicos gatos na parede, outras se apaixonam por príncipes, coisa de adolescente. Mary, de 17 anos, sofreria de amor não correspondido, se não tivesse dinheiro, e se não conhecesse Marie Larisch, que sempre precisava de dinheiro.

Mary Vetsera

Se bem que Edward de Wales, amigo de Rudolf e futuro rei da Inglaterra, dizia que ele mesmo havia apresentado os dois, e Larisch não tinha nada a ver (mas sobrou para ela do mesmo jeito).

Marie Larisch, prima de Rudolf, não estava sobrecarregada de princípios morais. Mais tarde, ela escreveu um livro de memórias onde pisou em todos os calos de estimação dos Habsburgos e, como resultado, foi proibida de aparecer na corte. Uma das versões da história diz que Marie Larisch era amante de Rudolf e apresentou-lhe Mary Vetsera para agradá-lo. Isso soa excessivamente pervertido, é mais provável que ela tenha apresentado os dois por dinheiro – jogava e precisava pagar as dívidas.

 Marie Larisch

Mary se encontrou várias vezes com Rudolf em Hofburg, e algumas vezes eles saíram juntos de carruagem. Diz-se que, em um dos encontros, ele a presenteou com um anel com letras “ILVBIDT” – “In Liebe Vereint bis in dem Tod” - “unidos no amor até a morte”. Mary escreveu em seu diário: “Nos dois perdemos a cabeça. Agora, nos pertencemos um ao outro de corpo e alma”.

Três meses depois...

25 de janeiro de 1889
Mary Vetsera e sua dama de companhia vão a uma adivinha, que prevê para Mary algo tão desagradável que a dama de companhia pira.

26 de janeiro
A dama de companhia conta para Helene que uma semana antes Mary comprou uma cigarreira de ouro, mas pediu para não contar nada a mãe. Então a dama tinha pensado que era um presente para Helene, mas depois ficou em dúvida. Quando Helene tenta falar sobre isso com Mary, esta fica histérica. Apesar das lágrimas da filha, a mãe a obriga a abrir a gaveta, onde acha uma cigarreira de prata com as iniciais de Rudolf. Mary explica que ela a ganhou de Larisch, que por sua vez a pediu ao príncipe, sabendo o quanto Mary o adora. Marie Larisch confirma as palavras da jovem. Além disso, ela promete que pedirá a Rudolf devolver a cigarreira de ouro que Mary diz ter enviado para ele (na verdade, entregou pessoalmente).

 Mary Vetsera

Franz Joseph chama Rudolf para uma conversinha, diz que é preciso acabar essa história com Vetsera de uma vez. Corriam boatos de que o príncipe até mesmo escreveu para o Papa perguntando sobre as possibilidades de divórcio e queria se casar com a amante. O imperador, irritado, grita que o príncipe não é digno de se tornar seu sucessor. Rudolf promete acabar com tudo, mas quer ver Mary mais uma vez, e o imperador consente. Além disso, o príncipe reclama da orientação pro-germânica do pai. Com as palavras: “O que quer que aconteça, a responsabilidade será sua”, Rudolf sai do escritório do pai. Elisabeth também está incomodada pela relação, mas não quer interagir com o filho.

27 de janeiro
Uma recepção organizada pelo embaixador alemão Reuss. Franz Joseph demonstra grande simpatia pela Alemanha, e ocorre um conflito entre Mary e Stephanie.

Rudolf passa essa noite com Mizzi, estragando um pouco a beleza da história.

28 de janeiro
Larisch e Vetsera vão fazer compras. Quando Larisch entra numa joalheria, Mary fica sozinha na carruagem. Ela foge, pega uma carruagem para levá-la até o hotel, onde se encontra com o príncipe, e os dois vão a propriedade de Mayerling. Ao voltar da loja, Larisch encontra somente um bilhete, no qual Mary afirma que pretende se matar. Quando ela mostra o bilhete para Helene, dizendo que isso é besteira, a menina vai fazer arte e voltar, aquela se desfaz em lágrimas. Ela liga o ocorrido a Rudolf imediatamente, mas Larisch a tranqüiliza, dizendo que vai resolver tudo. Depois Marie Larisch vai até o chefe da polícia e diz-lhe que Mary estava fazendo graça, mas na verdade ela fugiu com Rudolf, pois era amante dele há tempo. O que Krauss menos queria era se meter num escândalo imperial, por isso ele pediu somente que Helene comunicasse o desaparecimento da filha a polícia. A essa altura, Larisch começa a perceber que a coisa está bem mais feia do que ela pensava, e ela mesma está atolada na história até o pescoço, e vasa de Viena.

Rudolf


29 de janeiro
Antes de começar as buscas, Krauss se dirige ao primeiro ministro Taaffe para solicitar uma permissão oficial. Talvez o ministro não suportava Rudolf, ou talvez a reputação de Helene Vetsera deixava a desejar, mas ele não dá a permissão.

Rudolf e Mary passam o tempo em Mayerling (Mary passa o tempo todo no quarto, de modo que o conde Joseph Hoyos e o príncipe Filipp Coburg, que também vieram para caçar em Mayerling, nem mesmo suspeitam da sua presença). Neste dia, Rudolf deveria estar presente no jantar de comemoração do noivado da sua irmã Valerie, mas ele envia um telegrama para Stephanie, dizendo que não poderá vir (na verdade, ferrou incrivelmente com a irmã, afinal, era o dia do noivado dela). O príncipe está resfriado, mas os amigos notam que está de bom humor.

 Uma das últimas fotos de Rudolf

Enquanto isso, Helene Vetsera corre por Viena inteira, em busca de notícias sobre a filha. Ela solicita uma entrevista com Taaffe e implora que o primeiro ministro lhe arranje uma audiência com o imperador. Este nega o pedido dela, pois Helene não tem provas. Além disso, a polícia não pode baixar assim do nada nas terras imperiais! É preciso esperar, talvez Mary apareça. Sei lá, volte pra casa por vontade própria.

30 de janeiro
Na noite anterior, Rudolf foi dormir mais cedo, e pediu ao seu mordomo Loscheck não deixar ninguém entrar no quarto, nem o próprio imperador. O mordomo decidiu que o príncipe quer divertir se tranqüilamente com Mary Vetsera, e ficou muito surpreso quando Rudolf saiu as 6:30 da manhã, e pediu para que Loscheck o acorde em uma hora. Depois ele voltou para o quarto, assobiando, e fechou a porta, algo que normalmente não fazia.

 Loscheck

As 7:30, o mordomo bate na porta, mas não há resposta. O conde Hoyos decidiu que Rudolf deve ser deixado em paz. Mas às 8 horas, a situação começou a ficar suspeita, não havia sinais de vida no quarto. A essa altura, Filipp Coburg voltou a Mayerling, e os homens decidiram arrombar a porta. A fechadura não cedia, por isso eles tiveram que quebrar a própria madeira. Quando Loscheck olhou para dentro do quarto, gritou de horror: Rudolf e Mary estavam na cama, o príncipe estava coberto de sangue. Curiosamente, a primeira explicação foi o envenenamento por estricnina (uma característica típica deste é o sangramento abundante). O conde Hoyos voou a Viena, para notificar a família imperial sobre a tragédia.

 Conde Hoyos

Depois de um breve conselho, foi decidido informar primeiro a imperatriz, o que é um tanto estranho, já que naquela época tentava-se poupar as mulheres de notícias terríveis. Seria mais lógico informar primeiro a Franz Joseph, para que ele pudesse preparar a esposa para a notícia. De qualquer forma, naquele momento, o cabelo de Elisabeth estava sendo penteado, enquanto ela estudava grego. Quando uma de suas damas bateu à porta, em lágrimas, dizendo que havia notícias importantes para a imperatriz, aquela disse que poderiam esperar. Mas os portadores da nova não esperaram, e Elisabeth em breve compreendeu que algo realmente grave havia acontecido. Ao ouvir sobre a morte do filho, presumivelmente por envenenamento, ela desatou a chorar, mas depois se controlou, acalmou o marido e o mandou ver a amante, que poderia consolar Franz Joseph bem melhor que ela própria. Enquanto isso, Elisabeth chama Valerie, que, ao saber sobre a morte do irmão, perguntou na hora se ele havia se matado.

Mas os problemas de Elisabeth não acabaram aí. Helene Vetsera, a pessoa que a imperatriz menos queria ver no momento, estava esperando-a. Apesar de tudo, Elisabeth, perfeitamente calma, recebeu a mulher desesperada e disse-lhe que a filha dela estava morta. Depois adicionou que o filho dela mesma também estava. Vetsera caiu de joelhos e, em prantos, perguntou: “A minha filha fez mesmo isso?” (é bastante estranho e esclarecedor que o primeiro pensamento dela era de que a filha havia matado Rudolf). A imperatriz acariciou a mão de Helene e disse que, de agora em diante, ela não pode esquecer que Rudolf morreu de ataque cardíaco.

 Helene Vetsera

Foi justamente esta a versão que a família imperial comunicou aos jornais, mas não havia como esconder tudo, e detalhes sobre o ocorrido em Mayerling vazaram em pouco tempo. A perícia médica, realizada no mesmo dia, mostrou que coração e veneno não tinham nada a ver com o caso. Ao entrar no quarto, os médicos encontraram Rudolf sentado na cama: ele deu um tiro na cabeça. No chão, havia um revolver, e na mesinha de cabeceira, um pequeno espelho (provavelmente, o príncipe o usou para mirar melhor). Mary Vetsera estava deitada na cama, havia levado um tiro na têmpora. A jovem estava semidespida, e Rudolf havia colocado uma rosa na sua mão. De acordo com o estado do corpo, concluiu-se que ela havia morrido 6-8 horas antes da morte do príncipe. Isto é, ele passou a noite toda no quarto com o cadáver. Mas porque então estava tão calmo de manhã, e até mesmo assobiava? Possivelmente, depois de matar Mary Vetsera, ele compreendeu que não havia volta, e este pensamento deu-lhe mais confiança.

A versão mais difundida dos eventos em Mayerling é simples: Rudolf matou Mary Vetsera, e de manhã se matou. Não era um assassinato comum, e não foi causado por uma briga. Isso pode soar assustador, mas Mary sabia o que iria acontecer. Um testemunho disso são os bilhetes que ela deixou. Escreveu para a mãe:

Querida mamãe!
Perdoe-me pelo que fiz. Eu não posso resistir ao amor. Gostaria de que nos juntos fossemos enterrados no cemitério de Alland. Serei mais feliz na morte do que na vida.
Sua Mary.
P.S.: Bratfisch assobiava muito bem.

A menção do cocheiro, que realmente assobiava artisticamente, mostra a imaturidade dela. O mesmo pode ser dito sobre o seu pedido de ser enterrada junto com o príncipe, a família imperial se mataria antes de permitir isso. Não dá para entender direito o que Mary queria, se “eu vou morrer e ver vocês todos chorando”, ou realmente considerava que não há razão para ela viver, pois ela e Rudolf nunca poderão estar juntos. E o bilhete a seguir foi escrito para Marie Larisch:

Querida Marie! Perdoe-me por todo o sofrimento que lhe causei. Agradeço por tudo que fez por mim. Se a sua vida ficar difícil, e eu temo que isso pode acontecer depois do que nos fizemos, siga-nos. É o melhor que você pode fazer. Sua Mary

 Marie Larisch

Obviamente, Larisch não quis seguir o bom conselho.

Alem da versão oficial, existiram – e continuam existindo – várias teorias alternativas. Algumas delas:

1. Rudolf morreu de coração (ataque cardíaco ou aneurisma). Esta foi a primeira versão oficial, contudo foi desmentida mais tarde. Além disso, Rudolf tinha somente 40 anos, e Mary Vetsera morreu por alguma razão também.

2. Mary Vetsera envenenou Rudolf e depois se matou. Primeira versão que correu a corte, é desmentida pelo fato de que Rudolf foi visto vivo enquanto Mary já estaria morta.

3. Rudolf se matou num acesso de depressão, pois achava que estava enlouquecendo, tal como Ludwig II.

4. Rudolf mata Mary Vetsera e se mata num acesso de insanidade. Contudo, doença mental pode ser somente uma desculpa para permitir um enterro cristão.

5. Rudolf se mata por não ter mais o que fazer na vida, e Mary se mata por amor a ele. Contudo o príncipe estava cheio de planos, e podia conseguir praticamente tudo o que queria (no que diz respeito a dinheiro e mulheres, pelo menos).

 Rudolf

6. Várias versões consideram que Rudolf foi morto por motivos políticos, e Mary Vetsera simplesmente estava no lugar errado na hora errada. Há algum fundamento nisso, pois o príncipe era conhecidamente liberal e reprovava várias das políticas do pai. Enfim, havia aqui vários interessados, tanto em conspirar com Rudolf, quanto em fazer com que ele não conspire. Segundo o testemunho de Marie Larisch, o príncipe temia ser preso e deixou com ela uma valise com documentos, mas é fácil imaginar o que uma mulher expulsa da corte pode inventar.

7. Rudolf estava envolvido em uma conspiração húngara, cujo objetivo era destronar o imperador. A conspiração foi descoberta, e o príncipe se matou para salvar-se da desonra. Mas mesmo sendo verdade que uma lei que aumentava consideravelmente a independência da Hungria estava em discussão, esta discussão não havia ainda sido concluída, e o príncipe era leal ao pai e tinha boas noções sobre os seus deveres.

8. Ele não se matou, mas foi morto, possivelmente por ordem do pai. Taaffe sabia disso (e os seus descendentes conservaram documentos provando isso).

9. Rudolf se matou por motivos políticos. E Mary Vetsera não tinha nada a ver com nada. Na verdade, ela não morreu, em vez dela, trouxeram a Mayerling o cadáver de uma outra jovem, para que tudo parecesse uma tragédia morosa. E como Vetsera sabia demais sobre as relações políticas de Rudolf, a levaram num navio militar para os EUA, onde ela se casou com um fazendeiro e teve um monte de filhos.

10. Uma alternativa a versão acima é que Mary foi morta para disfarçar o assassinato de Rudolf. Não faz muito sentido.

11. Rudolf e Mary foram mortos numa briga durante o jantar. Contudo, nenhum dos presentes, e também, o mais importante, nenhum dos criados deu testemunho de qualquer conflito. Ninguém sofreu quaisquer ferimentos que pudessem confirmar a hipótese da briga. Coburg e Hoyos não perderam as graças da família imperial depois.

 Mary Vetsera num baile a fantasia

12. Era um “duelo americano” – chamavam assim o suicídio para preservar a reputação. O príncipe havia seduzido uma mulher casada e depois ele e o marido dela jogaram uma moeda, e Rudolf teve o azar de ter que morrer. O fato de que vários maridos enganados tinham ciúme de Rudolf serve de fundamento. Existe uma versão desta hipótese que afirma que o duelo ocorreu com um parente de Aglae Auersperg (veja a versão 15).

13. Alguém com ciúmes de Rudolf o castrou, o que por sua vez foi motivo para suicídio. Mas onde fica Mary então?

14. Duplo assassinato acidental. Rudolf e Mary foram pegos em flagrante pelo tio dela, começou uma briga, durante a qual o tio acidentalmente deu um tiro em Mary. Depois ele matou o príncipe com uma garrafada na cabeça. Plausível, pois havia um motivo real e a situação justificava a encenação de um suicídio. Contudo, não há evidências de que quaisquer estranhos tenham entrado em Mayerling naquela noite, e os Baltazzi não foram condenados pela sociedade.

15. O mesmo, só que obra dos parentes de Aglae Auersperg (amiga de Valerie que, segundo as fofocas da corte, Rudolf havia engravidado). Aglae havia permanecido longe de Viena por várias semanas. Novamente, contra esta versão temos o argumento de que não havia estranhos em Mayerling naquela noite, e a família Auersperg não foi condenada pela sociedade. Além disso, não há quaisquer informações que comprovem a gravidez de Aglae.

16. Duplo suicídio, um amor impossível. Os laudos médicos parecem comprovar esta hipótese. Além disso, Rudolf teve uma conversa com o pai acerca do seu relacionamento com Mary. Contudo, o príncipe tinha muitas amantes, e passou a última noite em Viena com Mizzi Kaspar. Várias pessoas do círculo de Rudolf apontam, na verdade, que ele queria romper com Mary.

17. Mary estava grávida e ela e Rudolf decidiram que é melhor morrer do que ter filhos ilegítimos. A gravidez seria uma razão válida para a discussão entre Rudolf e Franz Joseph alguns dias antes, contudo filhos ilegítimos não eram nada demais naquela época (alias, o próprio Franz Joseph tinha alguns).

18. Mary Vetsera morre de complicações durante um aborto, e Rudolf se mata. As ações da dupla levam a crer que estavam tramando algo especial, e Marie Larisch visitou uma parteira alguns dias antes. Contudo, como já foi dito antes, filhos ilegítimos não eram algo tão incomum, e convenhamos que não era o melhor lugar possível para abortar. Além disso, não há vestígios da presença de um médico ou uma parteira em Mayerling naquela noite.

19. Rudolf deu um fora em Mary e esta, enlouquecida de raiva, acertou-o com um objeto pesado na cabeça. Loscheck a matou com um tiro na tentativa de defender o príncipe.

20. O príncipe foi morto por um camponês enlouquecido, que primeiro o castrou, depois atirou nele. Contudo, a morte do príncipe pelas mãos de um louco seria bem mais socialmente aceitável que a hipótese finalmente aceita de assassinato seguido de suicídio, de modo que não está claro porque o imperador não oficializou esta versão se ela era verdadeira.

21. Mary era filha ilegítima de Franz Joseph. Nem ela, nem Rudolf suspeitavam disso. Mas quando o imperador soube do relacionamento, ele contou o segredo para o filho. Compreendendo que eles haviam cometido um incesto, Rudolf e Mary se mataram.

22. Mary era filha natural de Rudolf (que havia tido um relacionamento com Helene na juventude). Quando os dois souberam que haviam cometido um incesto, se mataram.

Contradizem as teorias de suicídio de modo geral os testemunhos de algumas pessoas próximas a Rudolf, por exemplo, o já mencionado Edward de Wales: “Eu o conhecia bem, e penso que ele seria a última pessoa a atentar contra a própria vida”.

Uma versão mais bonita que a outra. Mas elas surgiram mais tarde, e no dia 30 de janeiro os médicos comunicaram os resultados da sua avaliação ao imperador. Ao ouvir o relato, Franz Joseph enfureceu-se, pois o herdeiro de uma dinastia católica não poderia ser um suicida. Menos ainda um assassino! E Rudolf, que havia deixado bilhetes para a mãe e para a mulher, não escreveu nem mesmo uma palavra para o pai.

Para a mãe, escreveu, entre outras coisas: “Sei bem que não sou digno de ser filho dele”.

 Mary usando o mesmo vestido com o qual foi enterrada

Depois, começou a confusão com o enterro. Os suicidas não poderiam ser enterrados com todos os rituais religiosos devidos, mas os Habsburgos são Habsburgos para poderem tudo. Normalmente o imperador tentava não abusar da sua posição, mas agora fez de tudo para abafar o caso. O suicídio de Rudolf foi atribuído a um acesso de insanidade. A questão de Mary Vetsera era mais complicada, mas apesar de os médicos terem indicado suicídio como causa da morte, as autoridades religiosas consentiram em enterrá-la normalmente. O seu corpo foi removido de Mayerling de forma bastante assustadora. Seu tio, Alexander Baltazzi, chegou a Mayerling com mais um parente. O corpo de Mary já havia sido lavado e vestido. Os parentes sentaram a jovem morta na carruagem, e a apoiaram dos dois lados – se alguém fosse espiar, pensaria que ela adormeceu sentada. Andaram assim as quatro milhas até o cemitério.

 Alexander Baltazzi

No dia cinco de fevereiro, o corpo de Rudolf foi exposto na capela de Hofburg. Dizem que Elisabeth chegou à noite, chamou o porteiro e disse: “Sou a imperatriz. Quero ver meu filho”. Apesar dos argumentos do padre, ela entrou sozinha. Na capela, ela gritou “Rudolf!”, e depois ficou em silêncio. Depois saiu e desapareceu na escuridão sem dizer uma palavra. Desde então ela vestia-se somente de negro, e quase sempre cobria o rosto com o leque – desenvolveu um tique nervoso.

A casa de caça foi transformada por Franz Joseph num monastério das carmelitas, provavelmente na esperança de que as irmãs rezem pela alma do seu filho. E, hoje em dia, Mayerling é um museu.

Buquês Fantasmas  

Posted by Moriel in , , , , ,

 
A esqueletização de folhas é uma forma de artezanato bastante difundida na era vitoriana (principalmente nas décadas 60 a 90 do século 19). Há numerosos registros de como esqueletizar folhas em revistas para senhoras deste período. Por exemplo, em "The Lady's Friend" de março de 1870, foram reimpressas as instruções de uma edição anterior, a pedido especial das novas assinantes.

Estes Buquês Fantasmas são mais bonitos do que aqueles que não os viram podem pensar... Não tínhamos pensado que algo tão delicado e gracioso pudesse ser preservado dessa maneira.
Para fazer os arranjos, as folhas verdes eram deixadas de molho por um longo período de tempo, e depois esfregadas delicadamente, deixando somente as fibras e os veios - o esqueleto da folha. Depois de secas, estas folhas eram branqueadas e então montava-se o buquê.

Para conhecer um pouco mais sobre este hobbie vitoriano, a sugestão de leitura é "The Phantom Bouquet" de Edward Parrish (em inglês).















Roupas de Criança - Parte III  

Posted by Moriel in , , , , ,

Finalmente, Marie Valerie da Áustria, nascida em 1868, a filha mais nova de Sisi e Franz Joseph. Só pelo número de fotos, dá para ver quem era a favorita da mamãe.











Muito séria








Valerie com Marie Larish, prima de Sisi














Valerie e Aglae Auersperg

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