No passado e hoje em dia  

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Porque, porque, porque, meu deus, quando as pessoas se vestem ao estilo vitoriano, seja reconstrução ou releitura, porque essas pessoas não se dão o trabalho de fazer ou achar bijuterias minimamente condizentes com a época?

Porque ninguém tem bolas para ao menos comprar uns 15 saquinhos de pérolas falsas por um real cada, fazer um fio de nhentos metros e enrolar no pescoço?


Não digo que não tem, mas dá pra contar nos dedos pessoas que se enfeitam com o mínimo de decência!

Eu ia falar sobre luvas também, mas vou parar antes que eu acerte uma cabeçada no teclado por acidente.

Coleiras  

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Fato, traje de gala do final do século 19, começo do século 20 parece incompleto sem um colar em forma de coleira.



Alias, este tipo de colar se chama, tecnicamente, assim mesmo: Colar "Coleira de Cachorro".

Princesa Thyra da Dinamarca

Apesar de um nome nada poético, estas joias foram extremamente populares durante quase 50 anos. E sua maior popularidade coincidiu com a Belle Epoque.



Este tipo de colar foi inventado bem antes. Choker, colar curto que se ajusta ao pescoço, existiu desde a antiguidade.

Na década de 1880, entraram para a moda graças à Alexandra, princesa de Wales. Por causa de um acidente na infência, a esposa de Eduardo VII tinha uma cicatriz no pescoço. Tentando esconder esse defeito, ela usava colares largos de faixas de veludo ou fios de pérolas, que chegavam quase até o queixo.


Alexandra


Sua sucessora, rainha Mary, apaixonada por jóias, não ficava atrás.

Mary de Teck, futura rainha Mary da Inglaterra


Nada surpreendentemente, as mulheres imitaram-na.

Consuelo Vanderbilt

Margarethe de Turn und Taxis, 1899


Estes colares normalmente eram combinados com colares - riviere (colar curto de diamantes que diminuem ao se aproximar das pontas).

Rainha Sophia da Grécia, 1915


Ou com colares mais elaborados.

Imperatriz Alexanda da Rússia, 1896


Havia quatro variedades de coleiras. O primeiro tipo consistia de uma larga faixa de tecido, normalmente veludo escuro, ou, em alguns casos, rendas ou cetim.

Rainha Elena da Itália, 1899

Os mais comuns eram colares desse tipo com uma plaquinha no centro (plaque de cou).



Não posso deixar de mostrar algumas dessas placas por René Lalique.



O segundo tipo eram fios de pérolas miúdas, as vezes mais de dez, com separadores verticais.


Princesa Victoria do Reino Unido, 1905

O design dos separadores variava bastante, dependendo da fantasia do joalheiro e da cliente. Por exemplo, Maria Pavlovna da Rússia tinha um colar desses com seaparadores em forma de águias de duas cabeças salpicadas de diamantes.

 Maria Pavlovna e seu colar


O terceiro tipo é uma mistura dos dois primeiros: fios de pérolas e plaque de cou.


Princesa Sophia da Grécia




Um pouco mais de Lalique não mata ninguém.



Finalmente, o último era só de metal e pedras preciosas. Muitas vezes, estes colares eram feitos de plátina.

Imperatriz Alexandra da Rússia

Duquesa de Manchester, 1912


Estes colares combinavam bem com os vestidos da época, enfeitados com rendas e bordados em pedras preciosas.

Rainha Mary da Inglaterra, 1905


Obviamente, para usar colares-coleiras, uma senhora precisava de duas coisas: um pescoço longo e bonito, e muito dinheiro.

Victoria (filha de Alexandra), Alexandra da Inglaterra, Maria Feodorovna (Dagmar) da Rússia, 1908


Afinal, o problema não era só o material: o colar deveria se ajustar bem ao pescoço. Acho que dá pra ver qual o problema:



O que implica que eram feitos sob encomenda (o que torna qualquer coisa mais cara).

René Lalique  

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René Lalique nasceu em 1860, no interior frances. Apesar de a sua família ter se mudado para Paris pouco tempo depois, sempre viajavam para o campo nas férias. Estas viagens impressionaram profundamente o menino, e as influências naturalisticas marcaram profundamente a sua obra anos mais tarde.



Aos 12, começou a aprender desenho, contudo, com a morte do pai, dois anos mais tarde, teve que começar a trabalhar como aprendiz de um joalheiro. Continuou estudando à noite.


Algum tempo depois, viajou para a Inglaterra, onde aperfeiçoou as suas habilidades artísticas, e deu maior desenvolvimento à sua abordagem naturalista da arte. Ao voltar a frança, trabalhou como free-lancer, criando joias para Cartier e Boucheron, entre outros.



Em 1885, abriu seu próprio negócio, confeccionando suas próprias joias e também objetos de vidro. Em cinco anos, tornou-se, reconhecidamente, um dos maiores designers de joias de Art Noveau, tornando-se um dos artistas mais famosos da área. O nome de Lalique passou a ser símbolo de criatividade, beleza e qualidade.


Alias, alguns joalheiros famosos não queriam trabalhar com Lalique, pois temiam que suas joias não caissem nas graças dos clientes mais ricos. Suas borboletas, libélulas e folhas eram boêmias demais. Os ricos queriam joias luxuosas com gemas grandes, enquanto Lalique oferecia formas inovadoras e materiais diferentes. Hoje, isso não surpreende, na época, era nonsense.

E tem mais...

Ferro de Berlim  

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Confesso que nunca pensei que eu fosse postar imgens dessa pessoa no meu blog, mas enfim, princípios não devem atrapalhar o trabalho.


Um espécime curioso da joalheria do século 19, que deixa qualquer gótico de plantão babando de inveja.


As joias de ferro fundido começaram a ser confeccionadas por volta de 1806. Eram produzidas principalmente longas correntes. Mais tarde, começou-se a fazer colares de medalhões e outros objetos mais sofisticados.



A produção atingiu seu pico entre 1813 e 1815, quando a família real da Prússia pediu a todos os cidadãos contribuir com suas joias de ouro e de prata para custear a luta contra Napoleão. Ao doar objetos de valor, as pessoas recebiam em troca joias de ferro, principalmente broches e aneis, com inscrições como "Eu dei ouro por ferro" e "Pelo bem da nossa pátria".


Até então, joias de ferro eram usadas durante o luto (por causa da sua cor escura) e eram baratas demais para atrair os mais ricos, mas subitamente se tornaram símbolo do patriotismo e lealdade. E, além disso, as pessoas perceberam que estas joias eram bonitas, afinal. O ferro ficou popular de um dia para o outro.


Especialmente durante o período napoleônico, o estilo principal dessas joias era o Neo-clássico, incorporando réplicas de camafeus.



Mais tarde, se tornaram uma miniatura do revival Gótico, com inspirações nas catedrais medievais e em elementos da natureza, tais como folhas e borboletas.



Joias de ferro de Berlim têm uma aparência muito delicada, mas sempre parecem escuras e sombrias: eram cobertas de verniz negro para evitar a corrosão do ferro. Alguns exemplares eram decorados com ouro e prata.

Baile de 1903  

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Dias 11 e 13 de fevereiro de 1903, em São Petersburgo, a família imperial organizava um baile a fantasia. Nos convites, especificava-se o estilo das roupas: século 17, época anterior a ocidentalização do traje russo.

Nicolai e Alexandra estavam fantasiados de rei e rainha, e os demais convidados não ficavam atrás. As fantasias eram criadas por pintores da moda, e confeccionados por maiores costureiros do país: Lamanova e Brissac. Foram também feitas extensas pesquisas nos arquivos, para garantir a autenticidade das fantasias. Alias, algumas delas eram roupas de época autênticas, ajustadas e arrumadas.


A busca da autenticidade chama a atenção, pois nos demais países da Europa, as fantasias seguiam rigorosamente a moda do dia, simplesmente incorporando aslguns detalhes de época ou do vestuário tradicional. Por exemplo, a fantasia de uma dama medieval mantinha a silhueta dos anos 1890, com direito a cintura afinada pelo espartilho.




Entre os 390 convidados, estavam os 65 "oficiais dançantes", também fantasiados,  especificamente para dançar com as damas. Isso porque, seguindo as tradições dos bailes da corte, um homem poderia receber o convite somente por mérito próprio, enquanto mulheres poderiam também ser convidadas em função dos méritos dos parentes do sexo masculino, de modo que havia muitas damas sem par para as danças.


A impressão era de um conto de fadas, do sem-número de trajes nacionais, ricamente enfeitados com peles raras, diamantes esplêndidos, pérolas e pedras preciosas, em grande parte em jóias antigas. Nesse dia, as joias de família apareceram em abundância que ultrapassava quaisquer expectativas.


Realmente, o baile era A oportunidade para exibir a riqueza e a opulência, portanto ninguem economizava.





As danças comuns foram precedidas pela execução de três danças tradicionais previamente ensaiadas, com solos de Elizabeth Feodorovna e Zinaida Yussupova.

Ella

Zinaida

Depois do baile, por ordem da imperatriz, os convidados foram fotografados pelos melhores fotógrafos de São Petersburgo...

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