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E estamos de volta com essa coluna de moda histórica. E, falando em história, uma coisa que se vê muito é revival. Revival dos anos 50. Revival dos anos 60. Enfim :)
Assim, no final do século 19, surge um movimento literário e artístico apelidado desdenhosamente de decadentismo: o Simbolsimo. Marcadamente místico, resgatou o lado mais gótico e sombrio do Romantismo. Fora da esfera das artes, influenciou também a moda da época.
Um curioso resultado deste revival é um modelo de sapatos conhecido como "Julieta" (a versão masculina, como era de se esperar, chamava-se "Romeu"), uma releitura vitoriana dos calçados medievais, muito comum na virada do século 19. A sua principal característica é o profundo corte lateral em formato de V.
Eis um belo exemplo dessa moda, um par de sapatinhos da loja americana Rosenbloom's, feitos de couro, da coleção do Metropolitan Museum of Art. Parecem uma espécie de chinelos para se usar em casa, por causa do design exagerado, e por não serem muito justos.
Para comparar, uma reprodução dos sapatos medievais, pescada na Berkanar, já que sapatos medievais "de verdade" são meio mal conservados:
Há algumas variações, mas o padrão e sempre o mesmo: a ponta para cima e os recortes em V.
Por mais que tanto na Idade Média quanto na Era Vitoriana as mulheres usassem vestidos até o chão, não deixavam de caprichar nos detalhes. Pois é, imaginem uma senhorita vestida à moda dos anos 90 do século retrasado e sapatinho de duende :)