Uma coisa que há muito queria fazer era descrever como uma senhorita (ou senhora) vitoriana se vestia. Afinal das contas, o processo era extremamente complexo.
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As partes mais íntimas da sua toilete eram drawers e chemise. A principal função de chemise era proteger a pele do espartilho e vice-versa. É um vestido de linho ou algodão, sem mangas ou com mangas curtas, até o tornozelo. Pode ter bordados e rendas, e é bem decotada (dependendo, na verdade, do vestido que seria usado, afinal não deveria ficar à mostra). No final da era Vitoriana, quando uma silhueta mais esbelta entra na moda, também a chemise pode ser mais justa e curta, mantendo a mesma função.
A próxima peça são os drawers. Seu uso começou a se difundir a partir dos anos 30, e com o surgimento das crinolinas, tornaram-se uma peça indispensável, para evitar situações picantes (digamos, um vento mais forte). Os drawers iam até o joelho (ou são um pouco mais curtos), e também poderiam ter bordados e rendas. Encantador!
As metades, para cada perna, eram cortadas e costuradas separadamente, e se ligavam por laços ou botões, na cintura. Assim, não havia uma costura entre as pernas, o que poderia ser muito prático em várias ocasiões, que deixo para a imaginação dos leitores. Para evitar que houvesse uma abertura muito grande, drawers eram bem largos, mantendo essa característica mesmo quando se tornaram uma espécie de short. Por fim, no final do século, surgiram alguns modelos mais parecidos com aquilo que usamos hoje.
Obviamente, essa peça de roupa era um tabu, e não deveriam ser mencionados em público.
Se bem que era possível economizar um pouco, comprando uma combinação: isto é, uma combinação de chemise e drawers, uma espécie de macacão. Mas as combinações, promovidas pelos adeptos de uma reforma do vestuário (que as achavam muito racionais e práticas), cairam nas graças das mulheres somente no século XX, portanto uma mulher vitoriana que quisesse estar na moda jamais usaria uma.
Assim, terminamos a primeira camada de roupas, e chegamos na peça mais interessante e conhecida. O espartilho, finalmente, o orgulho e a beleza de qualquer senhora do século XIX. Ele erguia os seios, afinava a cintura, escondia a barriguinha e elimina todos os pneuzinhos, transformando a mulher numa ampulheta muito sensual. E ainda limita o volume dos pulmões em 30% e desloca os órgãos internos.
Nenhuma mulher poderia andar sem espartilho naquela época.
O espartilho poderia ser branco, creme ou cinza. Nos anos 60, estavam na moda os pretos e os vermelhos, e nos anos 70, os espartilhos eram confeccionados de seda colorida e decorados com fitas e rendas. O espartilho parecia uma armadura, de tantas barbatanas. Era amarrado nas costas, e fechava-se com ganchos metálicos na frente, para melhor ajuste e para permitir que a mulher possa tirá-lo mais facilmente. Para colocá-lo, era necessária a ajuda de uma criada. Para as mulheres mais simples, que não poderiam se permitir ter uma, havia modelos de espartilho com amarração na frente ou dos lados.
Havia também espartilhos especiais para verão, vazados, para que a dona não passe tanto calor, e outros para andar a cavalo, mais curtos de um lado.
E mais, usavam-se anáguas. Em alguns períodos, a silhueta da moda era obtida somente com o uso de várias anáguas (início do século XIX), em outros, usava-se somente uma - ou mesmo não se usava. Poderiam ser curtas ou longas, estreitas ou extremamente volumosas...
Finalmente, sobre o espartilho, vestia-se um corset-cover ou bodice. Este protegia o espartilho do vestido e vice versa. Ricamente decorado com bordados e rendas, o corset-cover descia até a cintura. Fechava-se com botões na frente. Poderia ter mangas longas, curtas, ou não as ter, dependendo da moda.
Também poderia ser necessária uma crinolina ou um tournure, dependendo da moda. Basicamente, era uma armação que conferia volume às saias. Em poucas palavras, a crinolina era o negócio redondo ou oval, enquanto tournure e bustle ficavam atrás, de modo que poderia-se pensar que há um anão escondido sob as saias da mulher :)
As crinolinas foram usadas entre 1852 e 1870. Inicialmente, eram anáguas com materiais mais rígidos, mais exatamente, crinas de cavalo trançadas, ou tecido grosso. A partir de 1855, a indústria entrou na onda, e começou a produzir crinolinas de arames de aço.
Nos anos 70, foram substituídas pelos tournures, que armavam apenas na parte traseira das saias e foram usadas até o final da década de 1880.
Não podemos esquecer das meias. A partir de 1878, as meias eram presas a um cinto, colocado sobre o espartilho. Antes disso, usava-se meias com elástico.
Veja algumas peças de lingerie:
Até 1869: Parte I, Parte II
Anos 1870: Parte I, Parte II
Anos 1880: Parte I, Parte II, Parte III
Anos 1890: Parte I, Parte II
Depois de 1900: Parte I, Parte II
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at quinta-feira, dezembro 09, 2010
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