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E cá estamos de volta, com a continuação da história do vestido de noiva. Lembrando, na semana passada conversamos sobre as noivas medievais.
A cor vermelha tornou-se a mais popular para os vestidos de noiva no final da Idade Média, e continuou em destaque durante a Renascença. Contudo, no século XVI, com o surgimento e rápida expansão do protestantismo, as cores fortes começaram a sair de moda. O cúmulo dessa tendência foram os vestidos de noiva pretos, bastante populares da Alemanha, e também na Itália e na Espanha.
Casamento de Isaac Massa e Beatrix van der Laen, 1622.
Uma noiva de preto, 1640.
O branco também tinha seu lugar, apesar do seu uso ter se generalizado mais recentemente. Várias princesas e rainhas usaram vestidos brancos em seus casamentos, por exemplo Anna da Bretanha, em 1499 e Margarita Valois em 1572. No casamento de Elizabeth da Bohemia, em 1613, a noiva e as damas de honra estavam vestidas de branco e prata, com rendas também prateadas. A noiva estava de cabelo solto, com uma coroa de ouro na cabeça. O vestido, ricamente decorado com diamantes, custou uma fortuna.
Em 1554, a rainha inglesa Maria I casou-se com o príncipe espanhol, futuro rei Felipe II. O vestido dela tinha uma estampa dourada, a cauda era decorada com grandes pérolas e diamantes. A saia era de cetim branco, borado em prata. Maria, de 38 anos, aparentava se não uma beldade (algo que ela nunca foi mesmo, mas afinal das contas quem se importa), mas ao menos uma rainha majestosa, com o imenso diamante, presente do noivo, sobre o peito.
Casamento de Maria I com Felipe da Espanha, 1554.
Casamento de James I e Anna da Dinamarca, 1589.
Os vestidos de noiva do século XVI seguem a moda daquele tempo, já que, tal como antes, estes vestidos eram simplesmente os melhores e os mais caros do guarda-roupa – a única restrição eram que fossem novos. Inclusive, depois do casamento, a mulher usava o seu vestido de noiva em outras ocasiões festivas.
Mais tarde, na era barroca, popularizaram-se vestidos amarelos e dourados. Outra novidade foi o uso de rendas, que mais tarde se tornaram imprescindíveis. Além disso, mudou toda a silhueta do vestido: surgiram as saias volumosas e as mangas largas. As noivas usavam joias de pérolas, com colares, pulseiras e enfeites para o cabelo.
O começo do século XVII é o tempo das golas rendadas. Claramente, essa indumentária apareceu também nos casamentos, afinal ninguém queria deixar de seguir a moda numa ocasião tão especial. As roupas íntimas da noiva consistiam de várias saias e meias até o joelho, bordadas e presas por grandes laços, e limitavam-se a isso.
Casamento de Henrique IV e Maria de Medici, 1600.
Na primeira imagem, casamento “por procuração” com um representante do rei.
Casamento de Luis XIII e Anna da Áustria, 1615.
Casamento de Willem van Loon e Margaretha Bas, 1637.
Casamento do Eleitor de Brandebourg, 1646.
Casamento de Luis, duque da Borgonha, 1697.
Caso a noiva fosse uma viúva, era preferível um vestido menos luxuoso, de cores mais escuras, por exemplo vermelho com detalhes pretos. A cor escura deveria dominar, simbolizando a memória do primeiro esposo. As rendas ainda eram permitidas.
As jovens mais humildes tinhas sua própria moda, e frequentemente casavam-se de cinza. Também eram populares vestidos marrons e bege, que mais tarde poderiam ser usados para ir à igreja.
No século XVIII, entraram na moda os tons pastel, e mais tarde o prata e o pérola. As saias eram extremamente largas, e os espartilhos muito apertados: a noiva tinha cintura finíssima, e os seios quase saltavam para fora do espartilho. A cauda era um elemento importantíssimo do vestido, e o seu comprimento era ditado pela posição social dos noivos.
Uma particularidade dessa época é a abundância de flores e grinaldas, e muitos laços. A noiva acabava parecendo um canteiro de flores.
Casamento de Stephen Beckingham e Mary Cox, 1729.
Casamento, 1755.
Vestido de noiva, 1759.
A frente do vestido de Charlotte, esposa do rei George III, estava literalmente salpicada de diamantes. O descreviam assim: “O fundo era uma finíssima, como o bigode de um gato, rede de diamantes pequenos. E os diamantes maiores formavam ornamentos florais”. Esta mesma joia foi usada pela rainha no dia da coroação.
Charlotte de Mecklenburg-Strelitz, 1761.
Vestido de noiva, 1764.
Vestido de noiva, 1765.
Vestido de noiva, 1766.
Casamento de Luis XVI e Marie Antoinette, 1770.
Vestido de Edwige Elisabeth Charlotte de Holstein-Gottorp, 1774.
O fim dos vestidos largos foi a Revolução Francesa, em 1789. O neoclassicismo trouxe vestidos claro – creme e branco – inspirados pela Grécia e Roma antigos. Sumiram as perucas empoadas, bordados luxuosos, e mesmo os saltos altos.
Os vestidos de noiva passaram a ser, quase todos, brancos, simplesmente porque praticamente todos os vestidos do Império e da Regência eram brancos. A silhueta foi inspirada pela antiguidade clássica, com cintura alta, tecidos semi-transparentes e pequenas mangas bufantes. Quase não se usava mais o espartilho, que foi substituído par uma malha cor de pele. Assim, aparece o vestido de cetim branco, com uma camada de tecido transparente por cima. O look é completados por longas luvas brancas.
Casamento de Napoleão e Josephine, 1796.
Vestido de noiva, 1797.
Vestido de noiva, reprodução, 1799.
Casamento de Napoleão e Marie Louise, 1810.
Casamento de Charlotte Augusta de Wales, 1816, e seu vestido de noiva.
Vestido de noiva, regência.
Vestido de noiva, 1817.
Em breve, continuaremos este estudo, com vestidos de noiva vitorianos e a história de como e porquê hoje em dia todo mundo se casa de branco.