Gaude mihi  

Posted by Moriel in , , ,

Gaude mihi, do latim, “alegre-me”. Também “amigo das damas” e “consolador de viúvas”. Se alguém não consegue imaginar do que estou falando, é melhor nem tentar se aprofundar no assunto.

Creio que não sou a única curiosa que quer saber como a mulherada conseguia essas coisas no passado (afinal, era um utensílio médico para tratar histeria, né). Uma senhora decente, em pleno século 18 ou 19. Não havia sex shops. E, convenhamos, é meio difícil de imaginar uma mulher vitoriana, numa loja, comprando uma coisinha dessas: “Não, querida, queria um maior. Sim, sim, aquele que está à esquerda na vitrine...” Ou mandar um criado: “Compre para mim... Bem, aquilo lá...” Mas as mulheres davam um jeito. Como?

Os curiosos, agradeçam a um certo sujeito que viveu na Rússia durante o Império, espero que ele não queime muito no inferno. Nas memórias dele, há uma historinha, “Brinquedo de senhoras”. Essencialmente, é isso: a mulher de um nobre do interior, quando este viajou para São Petersburgo, encarregou-o de comprar um caleidoscópio. O nosso personagem chegou a uma loja francesa de modas na avenida principal da cidade e... esqueceu o nome do objeto desejado. E diz à atendente que ele precisa do brinquedo “que as mulheres adoram e do qual, desde que esse apareceu, elas simplesmente não conseguem largar”. A atendente se surpreendeu um pouco, e perguntou se ele realmente quer comprar este objeto para a esposa. Depois de uma resposta afirmativa, ela provavelmente achou que encontrou um homem particularmente liberal e moderno. Perguntou qual ele prefere, russo, francês ou inglês, e fez a seguinte propaganda: “Este tipo foi inventado na Inglaterra, especialmente para a rainha, segundo boatos, quando ela se separou do seu amante. O mecanismo deste objeto é igualzinho ao natural”. Depois de entregar a caixa com respectivo produto e informar o preço, esta respeitável senhora afastou-se recatadamente. O nosso interiorano abriu a caixa e entrou em estado de choque. Gritando “O tempora! O mores!”, ele comprou um exemplar. Não para a esposa, deus me livre, mas como uma bizarrice para decorar a sua sala.

Simples, lojas de acessórios e artigos femininos. Alias, o brinquedinho não era nada barato: 100 rublos (para comparação, 700 rublos por ano era um salário razoável para um funcionário público na época).

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